segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O cultivo da paz




                                                       Pomba branca!

Que com seu voo o céu enfeita
Encontre a semente da paz
Semeie por toda a Terra
Para a felicidade voltar.

Que o sorriso sufocado
Possa ressurgir sem medo
Que as flores recuperem as cores
Feridas pela poluição
E o amor possa renascer
Ao pulsar o coração

Que a cada amanhecer
Os pássaros voltem a cantar
os colibris e as borboletas
Nos jardins a festejar
O novo dia que desponta
O sol, o céu, o regato
Num elegante serpentear.

Esse é o milagre da vida
É a real felicidade.
Pomba branca!
Símbolo eterno da paz
Acolha o sorriso de Deus
E ponha-se a semear
Não deixe a Terra morrer
Paz, simplesmente paz.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

VIDA NO SÍTIO

Miúda, olhos castanhos e amendoados, cabelos também castanhos feitos em cachinhos, pele morena queimada de sol, pesinhos pequenos e delicados, vestidinho de chita colorida feito por sua mãe na antiga máquina que muitas vezes ela teimava em reinar.
Assim era Maria, esperta, travessa, curiosa, amorosa nos seus seis anos de vida.
Todos os empregados do pequeno sítio onde morava adorava essa criaturinha mimosa que vibrava com o nascimento de mais um bezerrinho e chorava quando um animalzinho quebrava a pata ou apresentava qualquer ferimento. Ela o aconchegava no colo e corria esbaforida para mãe que se dividia em dar ordens às empregadas e a sua velha máquina de costura onde preparava as roupas de toda vizinhança;
- Mãããe, mãe, olha o pintinho com a pata quebrada.
A mãe que era também uma pessoa muito bondosa tinha que largar os afazeres para ajudá-la num curativo onde colocavam um palitinho de fósforo e embalavam a perninha quebrada com um pequeno pedaço de retalho. Então ela carinhosamente o tomava nas mãos em conchinha, arrumava uma caixinha e ali ficava cuidando até que o bichinho se recuperasse completamente.
Maria se identificava com cada animal, cada um tinha um nome especial, passava horas acariciando-os ou travando conversas que só ela entendia. Conhecia cada árvore, cada cantinho, cada riacho onde mergulhava os pesinhos descalços, sorrindo de prazer. Maria cheirava flor, Maria misturava-se com o vento que espalhava os cachinhos enquanto corria pela alameda, pelos campos cercados por árvores de copadas coloridas.
No pequeno sítio a vida era tranquila. Sebastião o pai de Maria administrava tudo com o maior cuidado. Tinha os agregados que cultivavam a terra e de lá tiravam o sustento para toda a família.
Um leiteiro que o ajudava a cuidar do gado. O leite da manhã era colocado num caminhão que todo dia buscava para vender na cooperativa da cidade mais próxima, já o leite da tarde era para alimentar a criançada, fazer o queijo e a manteiga e ainda para o preparo de bolos e biscoitos que todos se fartavam.
Não havia o consumismo que se vê nos dias de hoje, tudo se retirava da terra. Somente uma vez por mês Sebastião ia à cidade para trocar o milho pela farinha, beneficiar o arroz, comprar o sal, o toddy das crianças e alguns metros de chita, sinhaninhas, fitinhas de cetim para dona Geralda enfeitar os vestidinhos das meninas que moravam no sítio.
Não fazia diferença das filhas, ela caprichava em todos, como se fossem uma só família.
 Nesse dia Maria e seu irmão Godofredo ficavam acordados até mais tarde a espera da chupetinha açucarada que o pai trazia da cidade.
- Só uma hoje, dizia a mãe- para não dar dor de barriga
Frutas era só querer, apanhava no pomar imenso logo ao lado da casa. Na horta colhiam-se as verduras e legumes fresquinhos, ainda respingados pelo orvalho da noite.
À tardinha os agregados se juntavam perto da bica de água para lavar as enxadas as foices e outros instrumentos usados. Mas, a família após um rápido jantar se reunia no pequeno paiol para preparar o milho para as aves. Tinha de tudo: galinhas, patos, gansos, angolinhas, garnisés. Mal começava a alvorada já era só alvoroço das aves que acordavam cada qual com o seu modo de saudar a madrugada.
Outras vezes era para fazer réstia de cebolas e alhos. Maria, muitas vezes acabava adormecendo e sendo carregada pelo pai. Após um dia de estripulias, acabava dominada pelo cansaço.
RETIRADO DO LIVRO: O perfume das flores que plantei

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Poema


                                                                                  


Colhendo estrelas

Fiz estrelas de papel
E as lancei para o céu.
Tocaram os lábios de Deus
E ofuscantes retornaram
Cada qual, com uma mensagem.

Amor, paz, felicidade.
    Fraternidade, Igualdade.
 Honestidade, amizade...
Fui recolhendo uma a uma.

Todos estes sentimentos
Num momento se integravam.
Transbordavam em fragmentos
Que atingiam os corações.

Pura magia!
A alegria expulsando a dor
Só imperando o Amor!

Será sonho ou miragem?
Se for sonho...
Jamais me deixem acordar
Permanecerei nesse deleite
Eternamente colhendo estrelas.
Para o mundo ser melhor.

 Publicada na Antologia da academia de Luminescência Brasileira.